Mente Profana's music is an unique mix of psychedelic vocalizations, prog sharpness and political/existencial lyrics. This is a live recording from 2009, where we can find traces of O Terço, Sá, Rodrix & Guarabyra and Rush. Raw stuff.

"É curioso ouvir este material sob uma perspectiva histórica de mais de dez anos. Com esse distanciamento temporal, consigo captar nuances que antes não percebia - claro, no olho do furacão a gente não vê bem o que está acontecendo ao redor.
Vejo agora o quanto a Mente Profana era um projeto sui generis e o quanto nós éramos teimosos, insistindo em compor e tocar mesmo sob as adversas condições financeiras/sociais/psicológicas da primeira década do século XXI.
Teimosos ainda somos, pois.
Estávamos numa época que comparativamente a hoje nos parece idílica. Tempos de Lula. Não era um mar de rosas, porém. As lutas sociais estavam pegando fogo e o estado seguia a cartilha opressora do capital. A Mente Profana era uma voz melodiosa no coro contra as desigualdades. Preciso destacar que Avelar Salvador e Mario Oliveira, os fundadores da banda, são figuras-chave na história sindicalista e anti-capitalista alagoana. Não à toa a maior parte do público que frequentava nossos shows era das ciências humanas e do movimento estudantil da UFAL.
Na história da banda, este é um registro do fim. A última formação. Algum tempo depois, Diogo iria se mudar para o RJ, nos deixando órfãos de vocalista. Também estávamos cansados de trabalhar incessantemente em ensaios e quase nunca ter oportunidade de tocar ao vivo. Quando aconteciam os shows, eram poucas as chances de ter algum público e os sacrifícios e gastos eram enormes. Muita gente tem lembranças de grandes shows da Mente Profana, mas nesse período final as apresentações eram bem raras. Tempos difíceis para uma banda em Maceió. Neste cenário, recebemos o convite do Paulo Poeta para nos apresentarmos em seu programa de TV "Alagoas Arte e Cultura". Este disco traz as gravações que fizemos no programa. Em algum lugar do youtube estão os vídeos. É um disco gravado ao vivo, mas não tinha público, apenas os operadores da TV e algumas pessoas próximas da banda (lembro que a Lillian Lessa estava lá, mas não me recordo quem mais).
Em termos musicais, temos aqui uma combinação bastante incomum de sonoridades (algo que eu não percebia na época, mas ouvindo agora pude sentir claramente). No centro de tudo, Rush. A maior parte da banda não dava muita bola para o trio canadense, mas nossa cozinha era absolutamente rushmaníaca e isso bastou para levar o som da Mente Profana para estes territórios. Fernando Falcão e Roberto, bateria e baixo, derramam aqui grooves malvadíssimos e assumem posição de protagonismo em todas as músicas. Do outro lado, Mario Oliveira, principal compositor, um dos pioneiros do rock alagoano dos anos 80, trazendo um tom melodioso - e em certos momentos, pós-punk - em seus arranjos de guitarra. Aí entra Jaudeni Souza, meu parceiro das primeiras bandas de adolescência, com um órgão cujo dna grita Laffayette! Na linha de frente, Diogo Oliveira, acadêmico do canto erudito, professor e pesquisador da voz. E no meio disso tudo, eu, um reconhecido freak musical.
O resultado era um tipo de rock meio inclassificável, que gerou momentos únicos e preciosos em nossas vidas e nas das pessoas que acompanhavam as apresentações. Uma escola, afinal. Aqui está, em cinco músicas inéditas, o registro precioso de uma era."
(texto de Pedro Salvador)

"O projeto Mente Profana deu início no final dos anos noventa com os músicos Avelar Salvador na bateria, Roberto Teodósio no baixo, Mário Oliveira guitarras base e Marcelo Balbino nas guitarras solo. No início dos anos 2000, com a entrada de Ana Amélia nos vocais, a banda começou então as apresentações na cidade de Maceió e região metropolitana. Após vários shows pela cidade, dentre eles o lançamento oficial da banda em novembro de 2002, no Teatro de Arena Sergio Cardoso, a banda se firmou como uma das bandas revelação naquele período bastante produtivo da nossa cidade. No entanto, e apesar de ter sido bem recebida pelo público do rock and roll, a banda teve que parar por questões existenciais e houve um hiato entre 2003 e 2004. Em 2005 os músicos retornaram com uma outra formação: Ana Amélia e Diogo Oliveira nos vocais, Pedro Salvador na guitarra solo e vocais, Roberto Teodósio no baixo, Mario Oliveira guitarra base e vocais e Fernando Falcão na bateria. Essa formação durou até 2009. A partir de então, houve a necessidade de se construir uma nova nova linha de projeto para a banda. Coma a saída da vocalista Ana Amélia a banda começou trabalhar um novo repertório. Progressivo como sempre foi a proposta da banda, mas com uma pitada psicodélica com a entrada do tecladista Jaudeni. E é esse o som que estamos trazendo para essa amostra."
(texto de Mario Cezar)

01 - Abismo (Mario Oliveira/Milton Rosendo)
02 - Devir (Mario Oliveira)
03 - Lírio n.2 (Pedro Salvador)
04 - Nascer dos Mortos (Mario Oliveira)
05 - Paranoia (Mario Oliveira)